"Litoral norte de São Paulo é mais uma tragédia anunciada à espera de outra? Temos só o Litoral a nos preocupar?"
Notícia da época: “Foram 40 mortes confirmadas até o momento
e mais de 750 desabrigados, as chuvas que atingiram municípios do litoral norte
de São Paulo no fim de semana são o maior acumulado que se tem registro no
país, com 682 milímetros e um rastro de destruição ainda incalculável”.
A catástrofe atual ocorre 56 anos após a maior tragédia
ligada às chuvas na história de São Paulo, que ocorreu em 18 de março de 1967
no município de Caraguatatuba, quando as águas causaram o desmoronamento de
encostas e centenas de casas foram soterradas. Segundo a contagem feita na
época, 487 pessoas morreram, mas estima-se que o número de óbitos tenha sido
muito maior, já que muitos desaparecidos nunca foram encontrados. O episódio
foi tema de livros e documentário, além de, junto a tragédia que ocorreu no Rio
de Janeiro em 1966, também por conta de chuvas, ter ajudado a estruturar a
Defesa Civil no Brasil.
Ano após ano, convivemos com desastres naturais, os impactos
das mudanças climáticas colocaram definitivamente o Brasil no mapa dos
desastres, que não são nada naturais, infelizmente, com dezenas de mortos,
feridos e milhares de pessoas atingidas e desabrigadas.
De acordo com o ministro da Integração e do Desenvolvimento
Regional, Waldez Góes, o Brasil tem hoje aproximadamente 14 mil pontos de
riscos altíssimos de desastre e 4 milhões de pessoas morando nessas áreas. A
necessidade de habitação no país é gigantesca. A pandemia, a miséria e o desemprego
empurraram, nestes últimos anos, milhares de pessoas para condições ainda mais
precárias de moradia, mas isso não é a causa fundamental de preservar a vida.
O fato é simples, “Falta Cultura e Capacitação Integrada”,
em 1967, não tínhamos recursos de comunicações como hoje, sistema de ensino
EAD, fácil disseminação educacional, sistema de monitoramento com link a
satélites, dentre outros.
O que falta, é um centro educacional voltado a estudar e
disseminar a cultura de Defesa Civil, uma união civil e pública de gerenciar e
atuar em pré-risco, mitigando as fatalidades e perdas materiais.
A unificação de atendimento do sistema de urgência e
emergência (Defesa Civil, SAMU, GCM, Saúde, Polícia Militar, Corpo de
Bombeiros, Assistência Social e Comp. Transito), por telefone único, a
transparência entre esse órgão com os NUDEC (Núcleos de Defesa Civil), ONGs e
associações de bairros, e o principal, uma capacitação integrada com todos
acima citados, com conteúdo teórico e simulados práticos, além de ensino
ambiental ESG – “Governança ambiental, social e corporativa, do inglês
Environmental, social, and corporate governance”, nas Américas, não encontramos
um centro de pesquisa educacional, voltado para essa finalidade e é de extrema
importância para mitigar ações futuras de desastres, não só de chuva, mas
também em época de inverno e estiagem.
Não adianta um fiscal ir até um local, notificar ou
interditar o risco, isso não vai mudar nada, só vai gerar um documento para
falar no futuro “Eu fiz minha parte”, isso não salva vidas.
Vamos iniciar uma cultura educacional e de ação real em
Defesa Civil, com atendimento rápido e integrado, com gerenciamento
pré-acidente e se precisar agir no salvamento, vamos realizar com gerenciamento
e ações eficientes.
Hipolito Fernandes Neto
Graduado em Engª. Ambiental, Mestrado em
Defesa Civil, Perito Judicial em SSM, Técnico em Segurança do Trabalho,
Instrutor de Operações Especiais, com 25 anos de experiência no segmento de
instrução e mais de 60 cursos de especializações
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