O derramamento de óleo ocorrido na costa do nordeste brasileiro ainda está causando uma série de problemas para a vida marinha na região. Segundo um estudo realizado pelo Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), houve uma redução de cerca de 66% dos animais invertebrados bentônicos vivos, como corais, crustáceos, lagostas, moluscos e polvos, em quatro praias baianas neste segundo semestre e após o desastre ambiental. De acordo com os dados, apresentados nesta segunda-feira (25), os corais foram as espécies mais afetadas até o momento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
A pesquisa da UFBA utilizou informações sobre a vida marinha nas praias do Abaí, Forte, Guarajuba e Itacimirim, registradas em abril deste ano, e compararam aos dados colhidos em outubro, após o derramamento de óleo na costa nordestina, em uma área de 140 metros quadrados. E segundo os registros, a quantidade média desses animais caiu de 446 para 151, enquanto o número de espécies também registrou queda, passando de 88 para 47.
Além dos registros de queda, outro fenômeno observado pelos pesquisadores foi o branqueamento dos corais em níveis maiores do que o normal. De acordo com a pesquisa, a média deste acontecimento nos recifes nas quatro praias ficava entre 5% e 6%, desde quando a universidade começou a registrá-lo, em 1995. Agora, esse percentual aumentou para mais de 51%. Segundo os responsáveis pelo relatório, o branqueamento dos corais é um fator utilizado para examinar a saúde desses invertebrados, sendo que quanto maior for o nível deste fenômeno, maiores são as chances de morte ou de prejuízos a estrutura reprodutora dessas espécies.
Coordenador do estudo, Francisco Kelmo apontou que outros fatores poderiam ser os responsáveis pelo maior branqueamento de corais, como o aumento na temperatura da água ou uma maior exposição dos corais à radiação solar. Entretanto, como nenhum destes fenômenos foram observados, a presença do óleo parece ser a causa mais provável para isso.
Além disso, Kelmo revelou que esses problemas poderão ter impacto na cadeia alimentar da região e que o ecossistema local poderá levar de 10 a 20 anos para se recuperar, caso não haja novos desastres. O estudo apontou ainda que o fato do óleo ter chegado às praias justamente em outubro, época de reprodução destes animais, contribui para as perdas, especialmente de animais como polvos e lagostas, os mais pescados e consumidos da região.
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