Nova presidente da OAB-Mauá, Ádrima Galvano quer focar gestão em acolhimento e novos projetos

Por Portal Opinião Pública 12/12/2024 - 11:09 hs
Foto: Divulgação
Nova presidente da OAB-Mauá, Ádrima Galvano quer focar gestão em acolhimento e novos projetos
Ádrima Galvano é a primeira mulher eleita presidente da OAB de Mauá

Eleita presidente da subseção de Mauá da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no mês de novembro com quase 60% dos votos, a advogada Ádrima Galvano da Cruz iniciará, em janeiro de 2025, a primeira gestão de uma mulher à frente da entidade com um objetivo claro: ampliar o acolhimento da casa aos advogados do município e investir em novos projetos para ampliar a atuação da subseção na cidade.

Em entrevista ao Jornal Opinião Pública, a presidente eleita contou um pouco sobre as perspectivas deste desafio e como pretende trabalhar para implantar novas ações que possam beneficiar os advogados e a sociedade mauaense. 

Jornal Opinião Pública – Dra. Ádrima, você é a primeira mulher eleita presidente da subseção de Mauá da OAB. O que esse fato representa para a Ordem na sua visão?  

Ádrima Galvano - É uma honra imensa ser a primeira mulher presidente da subseção. Não que eu tenha sido a primeira qualificada para isso, de maneira nenhuma, muitas passaram por aqui. Mas eu vejo isso como um sinal, da abertura dos tempos, de finalmente as mulheres estarem conquistando mais e mais degraus. Eu sempre digo que nós não alcançamos tudo o que precisávamos alcançar, mas existe luta e temos que comemorar as conquistas. Eu vejo como uma vitória da coletividade, uma vitória das mulheres. A eleição foi a coroação de um trabalho que eu venho exercendo há nove anos na subseção com o Dr. Jozelito, desde sua primeira gestão. Fui secretária-adjunta por duas gestões, em uma delas assumi as funções na Secretaria Geral porque o doutor Dagmar, que era o secretário-geral na época, foi cuidar da parte da ética, depois vim a vice-presidente, então foi uma construção. Foi um trabalho construído para chegar até aqui e graças a Deus nós fomos premiados com a confiança dos colegas, dos homens e das mulheres.  

JOP – Falando desta construção, qual a importância do trabalho que você realizou nesse período, passando por todos esses cargos e funções até chegar à presidência? 

ÁG - Eu entendo que essa experiência é de suma importância para um presidente fazer uma boa gestão. Porque se você chegar direto como presidente, é impossível desenvolver a gestão? Não, não é impossível, mas você vai levar um bom tempo até conhecer o funcionamento da OAB, que tem um funcionamento totalmente sui generis, é diferente de uma empresa, diferente do teu próprio escritório, diferente das áreas públicas, de gerir outras coisas. Então levaria um certo tempo. Como eu passei por tudo, exceto pela Tesouraria, já entro com uma certa tranquilidade de conhecer muito bem o funcionamento da casa, então esse tempo que eu levaria para me habituar com isso, já posso me dedicar aos projetos e ao avanço.  

JOP – Em relação às experiências que você teve ao longo das gestões anteriores, o que pretende trazer para sua gestão no próximo triênio?  

ÁG - O que eu pretendo levar desta gestão atual para o próximo triênio é o acolhimento (aos advogados). Acho que podemos dizer que tivemos uma gestão antes do Jozelito Rodrigues de Paula e outra depois. Foram feitas muitas coisas nessas gestões, mas ao meu ver, o mais importante foi esse acolhimento. Todos hoje são bem-vindos na casa, quem quiser pode participar (das ações e discussões), então isso é uma coisa que eu não abro mão de maneira nenhuma. E a partir daí, foram dados vários passos em estrutura e uma série de coisas que me permitem agora ir um degrau adiante. Então vamos investir mais no funcionamento das comissões, em novos cursos preparatórios, ainda tenho sonhos para essa estrutura física e coisas que eu pretendo agregar, mas hoje eu vejo que temos uma estrutura bacana que me permite ir um degrau adiante. 

JOP – Com relação a esse acolhimento, você quer dizer se aproximar mais nos advogados da cidade, tanto mais velhos quanto os mais novos? Seria mais ou menos isso? 

ÁG - Exatamente. Com os (advogados) mais velhos, às vezes, temos um pouco mais de facilidade de aproximação. (Se aproximar) Os mais novos sempre foi um desafio maior. Passamos os últimos três anos, comigo na vice-presidência, comandando comissões, me dedicando muito a isso, a mostrar para eles que esse é um local para se sentir bem, buscar a ajuda que eles necessitam no início da carreira e pretendemos não apenas manter isso, mas ampliar. Eu tenho já um no projeto piloto que começou nesta gestão, a CIAP (Comissão de Integração e Apoio Profissional), justamente dedicado aos jovens advogados. E com os estudantes temos uma comissão de acadêmicos, onde há projetos para fortalecer e trazê-los para simpósios e eventos aos sábados, para eles irem se habituando a saber que aqui é um local para buscar acolhimento, networking.  

JOP - Desde a pandemia, nós temos visto uma mudança muito grande na relação do trabalho como um todo e com os advogados não é diferente. Hoje, há uma conexão maior possibilitada pela internet e por toda tecnologia que temos à disposição. Como essa questão será tratada? 

ÁG - Eu brinco que quando chegou a pandemia, nós trocamos o pneu do carro com ele andando, porque ninguém estava preparado para isso. Nós corremos para equipar a casa para as audiências virtuais e dar apoio a esses advogados. Eu faço uma leitura de que essa tecnologia toda teve seu lado bom, porque facilitou muitas coisas, mas ela também promoveu um afastamento muito grande. Hoje esse é um desafio muito grande e temos buscado essa reaproximação. Hoje promovemos eventos, confraternizações e o objetivo não é só dar um momento de relaxamento para os advogados, mas também de resgatar essa aproximação. Tentamos fazer muitas coisas presenciais por esse motivo, porque entendo que esse contato pessoal ainda é muito importante. Mas por outro lado, entendemos que é preciso se adaptar aos novos dias, principalmente com a jovem advocacia.

Eles são um pouco mais imediatistas, então temos um grupo no WhatsApp, onde trocamos experiências e funciona muito bem. E tenho dois projetos para a próxima gestão ligados à tecnologia. Um deles será um podcast da OAB. Ainda não sei qual será a periodicidade, vamos estudar, mas nesse podcast tentaremos comunicar tudo o que está sendo feito, realizado na casa naquele período.

E o outro projeto é criar um grupo de networking. Ainda vamos definir a periodicidade, mas queremos sempre trazer, na primeira metade (dos encontros), algum tipo de atualização para os advogados, por exemplo, de como fazer o marketing jurídico, como captar novos clientes, como fechar contratos. Vamos trazer especialistas, dando prioridade às pratas da casa, porque temos advogados qualificados nessas áreas em Mauá. E na segunda metade queremos ter uma troca de experiência entre os colegas.  

JOP – A sua gestão também terá algum projeto que envolva a população, para que os cidadãos possam conhecer melhor o trabalho que é realizado pela própria OAB?  

ÁG - Nós temos vários projetos voltados para a sociedade, como, por exemplo, a Comissão da Mulher Advogada, que faz um trabalho nas comunidades, toda vez que há algum evento, elas dão orientação jurídica, temos o projeto “OAB Vai à Escola”, que durante a pandemia foi obrigado a parar e depois ficou ocioso, mas é uma ação em que os advogados vão até as escolas para falar de temas específicos, mas sempre tomando cuidado para não passar o limite da ética. Esses são dois projetos que vamos fortalecer para o próximo ano. E temos ações eventuais, em datas específicas, como, por exemplo, no “Outubro Rosa”, onde sempre fazemos palestras e atendimentos na casa e que são abertos tanto para advogados quanto para a sociedade. Então, pretendemos manter esses eventos e ampliar o alcance deles. 

JOP – Por fim, qual é a sua perspectiva em assumir o cargo em janeiro de 2025 e para os três anos de gestão em relação a manter e ampliar o trabalho já feito pela OAB de Mauá?  

ÁG - Voltando aquela questão de ser a primeira mulher eleita presidente da OAB de Mauá, vejo como uma responsabilidade imensa, porque eu abro ou eu fecho portas para as outras mulheres. Então, a responsabilidade de mostrar uma boa gestão, competente e proba é muito importante. A (nova) diretoria já se reuniu, colocamos os primeiros projetos em pauta, já temos cursos planejados, os primeiros passos já estão dados, o primeiro mês já está organizado. Temos o projeto de trazer uma farmácia para a OAB de Mauá, então vamos ter que trabalhar politicamente para conseguir essa conquista, e são vários projetos. Sei que a responsabilidade de manter uma gestão desse nível para melhor é muito grande. Queremos agregar todos os advogados, inclusive os que não apoiaram a nossa eleição, para que venham participar e se sintam acolhidos, porque o trabalho da OAB não pode ser feito por cinco diretores, é preciso dos quase 1.400 advogados.