O acesso aos dispositivos eletrônicos e a comunicação rápida trazem muitos benefícios na rotina diária das pessoas, mas toda a conexão e o uso excessivo desses aparelhos podem ser um risco para a saúde ortopédica.

Quem faz o alerta é o ortopedista Marcelo Ruck, do hospital Santa Casa de Mauá. Para ele, prevenir tais problemas é a melhor opção. “É aconselhável redobrar a atenção com a postura, fazer pausas intermitentes, exercícios de fortalecimento e alongamento, além de controlar o uso dos aparelhos”.

Geralmente, as pessoas não percebem que passam horas na mesma posição, o que sobrecarrega as articulações, tendões, ligamentos e músculos. Ao olhar para baixo, toda a estrutura do pescoço é forçada e as mãos e os dedos também são comprometidos. Essas estruturas não suportam muita carga por um longo período e, se não houver controle, as complicações aparecerão.

Entre alguns problemas estão a Text Neck ou pescoço de texto, um desconforto na região e na parte superior das costas, consequências da má postura durante o uso dos dispositivos móveis. Essa posição aumenta a pressão na coluna cervical e os sintomas são a dor crônica, a dor de cabeça, a rigidez muscular, dormência nos braços e a hérnia de disco cervical.

A má postura provoca ainda a lordose e a cifose. A primeira desenvolve uma curvatura excessiva da parte inferior das costas e causa dores na região lombar, desconforto ao ficar em pé por muito tempo e dificuldade em manter a postura adequada. Já a cifose causa uma maior curvatura na região superior das costas e o efeito corcunda, além de uma grande sensação de cansaço.

As mãos e os dedos também são vítimas desse excesso. Um dos problemas mais comuns é a Síndrome do Túnel do Carpo, região do pulso, e os sintomas são dor, formigamento, dormência e fraqueza nas mãos e nos dedos. O outro problema é a Tenossinovite de De Quervain, uma inflamação nos tendões ao lado do polegar no pulso, que gera dor e dificuldade para realizar movimentos e ocorre pelo uso excessivo do polegar para digitar, além de dor intensa no dedo e no pulso ao fazer movimentos de pinça, inchaço e dificuldade em agarrar ou segurar objetos.

Outro problema é o dedo em gatilho ou Tenossinovite Estenosante, que está associada ao uso do celular, quando o dedo fica dobrado e ao endireitá-lo ocorre um estalo, como um gatilho. Isso acontece devido à inflamação dos tendões flexores dos dedos, causando ainda rigidez e dificuldade para endireitar o dedo. Em casos mais graves, ele pode ficar preso na posição dobrada.

“Medidas simples melhoram e previnem esses desconfortos, como sentar com a postura correta; deixar os dispositivos ao nível dos olhos; fazer pausas e alongamentos; incluir na rotina exercícios de fortalecimento para as costas e pescoço; usar suportes de notebooks e smartphones. Ao digitar no notebook ou computadores, manter os pulsos em uma posição neutra e fazer pausas para descanso, assim como alongamentos e exercícios, inclusive para o pulso; prefira os teclados e mouses ergonômicos; evite utilizar o polegar para digitar em dispositivos móveis e alongue sempre os tendões do polegar”, orienta o ortopedista Marcelo Ruck.

Caso as medidas acima não melhorem os sintomas, a doença ortopédica pode já estar instalada e nesse caso é preciso procurar um ortopedista para diagnóstico e tratamento que pode incluir medicamentos, imobilização, fisioterapia e até cirurgia.

O Hospital Santa Casa de Mauá está localizado na Avenida Dom José Gaspar, 1374 - Vila Assis - Mauá - fone (11) 2198-8300.