fraude.

Por Portal Opinião Pública 22/08/2024 - 16:02 hs
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Enrico Pierro

enricopierro.com.br

você já se sentiu como se não fosse o bastante? tenho reparado como isso tem sido comum. em uma sociedade tão conectada, com as redes sociais quase esfregando na nossa cara pessoas incríveis, que parecem já ter atingido e conquistado tudo antes dos 30/40, a impressão que fica é que isso tem feito mais pressão sobre nós.

eu não sei você, mas diversas vezes eu já me peguei pensando, de maneira negativa, se eu não sou uma fraude. se tudo o que eu faço não é apenas mediano. se meus textos não são só mais um aglomerado de palavras sem sentido. e é preciso muito cuidado com isso.

cuidado, porque em primeiro lugar, essa vida perfeita que a gente fica vendo nas redes sociais não existe. você sabe disso e eu também. em segundo lugar, porque ninguém espera de você (nem de mim) a perfeição. não temos a obrigação de ser o melhor em qualquer coisa que a gente faça. imagina com tanta gente no mundo, se todo mundo se cobrasse ser o melhor? tem nem espaço nesse pódio pra tanta gente. então por que nos cobramos tanto? por que exigimos de nós padrões que não existem?

eu não tenho essa resposta, desculpa. mas arrisco dizer que muito se deve à nossa relação com as redes sociais, em si. ficar usando a vida dos outros como régua pra medir a nossa, nunca vai dar certo. os caminhos e a história são muito diferentes. o que a gente precisa fazer é olhar mais pra dentro de nós do que pra fora. respirar fundo. avaliar. se autoconhecer. melhorar a cada dia. e tentarmos, mesmo que a passos de tartaruga, só sermos pessoas melhores. mais agradáveis. mais educadas.

ficarmos cuidando demais da vida alheia, isso faz com que a gente perca as maravilhas da nossa. e olha que não faltam maravilhas e bênçãos ao nosso redor. a gente que fica ocupado demais rolando alguma linha do tempo no celular pra perceber isso.

então hoje eu vou ficar offline. vou ler um livro, vou estudar alguma coisa, ou não. quem sabe? hoje eu vou viver sem amarras e réguas. sem comparações. hoje eu vou ser só o enrico pierro. quem sabe um dia assim eu não consiga abraçar o mundo, e, quem sabe, ele não me abrace de volta.