Dra. Marcela Arine entrega abaixo-assinado pelo funcionamento 24h da Delegacia da Mulher em Mauá e denuncia falhas

Por Portal Opinião Pública 15/08/2024 - 09:58 hs
Foto: Divulgação
Dra. Marcela Arine entrega abaixo-assinado pelo funcionamento 24h da Delegacia da Mulher em Mauá e denuncia falhas
Marcela Arine considerou positiva a reunião com a Secretaria de Segurança Pública

A advogada Dra. Marcela Arine levou à Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo um abaixo-assinado com 4.203 assinaturas, exigindo a regularização do funcionamento 24 horas da Delegacia da Mulher em Mauá. O movimento é uma resposta ao pedido de muitas mulheres que buscam um atendimento digno e contínuo e, segundo ela, longe das falhas que têm marcado a atuação da delegacia local.

A entrega do abaixo-assinado ocorreu em uma reunião na SSP, com a presença de autoridades da área de segurança pública e defesa dos direitos das mulheres. Entre os presentes estavam o delegado de Polícia-Chefe do Estado, Dr. Luiz Fernando Lima; a delegada de Polícia, Dra. Milene M. Zeugama; e a diretora da Associação de Defensores Públicos, Dra. Fabiana Zanata. O encontro, conforme revelou a advogada, foi produtivo e trouxe à tona não apenas a demanda por um atendimento 24 horas, mas também sérias denúncias sobre o mau atendimento e as falhas operacionais da Delegacia da Mulher de Mauá.

Marcela fez questão ainda de relatar os inúmeros casos em que mulheres, ao buscarem ajuda, foram revitimizadas por um atendimento inadequado. A advogada destacou que a falta de um serviço contínuo e eficaz coloca em risco a segurança e a vida de muitas mulheres que dependem desse apoio.

"Não podemos mais permitir que nossas mulheres sejam vítimas do descaso. A luta é por um atendimento digno e por justiça", declarou a Dra. Marcela, acrescentando ainda que permanecerá firme em sua missão de garantir que as mulheres de Mauá sejam tratadas com o respeito e a proteção que merecem. "A mulher deve ser livre de violência com a segurança de que sua voz será ouvida", disse a advogada.

Como resultado da reunião, foi aberto um processo administrativo para avaliar a viabilidade da implementação do atendimento 24 horas na Delegacia da Mulher de Mauá e investigar as denúncias apresentadas. Ainda segundo Dra. Marcela Arine, tanto ela quanto a população de Mauá aguardam agora os próximos passos, com a esperança de que essa mobilização resulte em uma mudança significativa para a segurança das mulheres da cidade. 

A Luta de uma sobrevivente 

Dra. Marcela Arine, advogada atuante na cidade com 15 anos de experiência, é uma sobrevivente da violência doméstica e há duas décadas dedica sua vida ao enfrentamento dos maus-tratos contra a mulher. Ela afirma que sua jornada é marcada pela luta incansável para garantir que outras mulheres não enfrentem os mesmos desafios e sofrimentos pelos quais passou.

A ideia de criar um abaixo-assinado, de acordo com a advogada, foi a forma que ela encontrou de buscar mudanças concretas para a realidade das mulheres de Mauá. O documento circulou por toda a cidade, desde festivais a comércios locais.

Pesquisas recentes mostram que casos de violência contra a mulher cresceram no país. Em fevereiro, o Data Senado apresentou um estudo, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV), onde 74% das mulheres entrevistadas tinham a percepção de que casos de violência doméstica haviam aumentado no país. O relatório mostrou também que, em média, 68% das mulheres ouvidas tinham uma amiga, familiar ou conhecida que já havia sido vítima de maus-tratos. Ao todo, 21,7 mil mulheres com 16 anos ou mais foram entrevistadas.

Pouco tempo depois, em março, um boletim chamado “Elas Vivem: Liberdade de Ser e Viver” foi divulgado pela Rede de Observatórios da Segurança, apontando que pelo menos oito mulheres foram vítimas de violência doméstica a cada 24 horas em oito dos nove estados monitorados pelo grupo (Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo) ao longo de 2023.

Estado mais populoso do país, São Paulo foi o único que registrou mais de mil casos de violência no último ano, passando de 898, em 2022, para 1.081 em 2023. O Rio de Janeiro (de 545 para 621) e a Bahia (de 316 para 368) apareceram na sequência.