Povos originários, Tiradentes e a Reforma Agrária
Olivier Negri Filho
Pessoal, dia 21 de abril comemoramos
Tiradentes, este brasileiro que, junto com um grupo de companheiros, ‘os
inconfidentes’, indignados com a exploração das riquezas e dos nossos
patrícios, se revoltaram contra Portugal – nossos colonizadores – e proclamaram
a independência do Brasil. Como consequência, o movimento foi denunciado e
todos foram presos, torturados e degredados, exceto Tiradentes, que foi morto e
esquartejado para servir de exemplo àqueles que pensavam na Independência. E
foi assim que ele se tornou o símbolo da liberdade, que só ocorreu 30 anos mais
tarde.
Mas preciso lembrar que dia 17
comemora-se o dia Nacional da Reforma Agrária e no dia 19 o Dia dos Povos
Indígenas. Alguém pode me questionar o que uma coisa tem a ver com a outra... a
resposta é: tudo a ver!
Quando os portugueses
‘descobriram’ o Brasil, isso tudo aqui não era desabitado como a Antártida, mas
repleto de pessoas dos povos originários – denominados por eles como índios – que
se organizavam comunitariamente em aldeias, às vezes, dependendo da nação,
várias delas de um mesmo povo, com idioma, cultura e organização próprios.
Portanto, aqui havia muitos ‘países’ naquilo que chamamos Brasil... Lógico que
o conceito de Estado não era e nem hoje é igual aquele que estamos acostumados
a estudar, afinal antropologicamente temos outra cultura.
Então Portugal e Espanha se
‘acertaram’ e ‘dividiram’ as Américas Central e do Sul, pelas armas, à força,
sem perguntar pra ninguém, apenas pelos seus pares. Impuseram seu governo, sua
cultura, sua religião, exploraram as riquezas e escravizaram os ‘proprietários
da terra’ e logo mais foram até a África, e de lá trouxeram mão de obra escrava
para alavancar a economia colonialista. Foi quando surgiram os latifundiários,
que sentiram-se no direito de serem os ‘donos da terra’ que nunca compraram.
Isso evoluiu aos dias atuais, onde enormes ‘propriedades improdutivas’
continuam sob o domínio de alguns poucos, enquanto os trabalhadores sem-terra
seguem sendo explorados.
Esse breve relato histórico é
apenas para nos lembrar que “Independência e Liberdade” não são palavras
soltas, é fundamental pro nosso país e nosso povo que o compõe o mesmo direito:
os indígenas respeitados como nação, sua cultura e soberania; os trabalhadores
rurais terem terra para produzir o sustento de suas famílias, se organizarem em
cooperativas, etc... Assim como os fazem
aqueles que são proprietários empresários rurais e que transformam nossa
economia agropecuária em uma das maiores do mundo.
Passou da hora de copiarmos o
exemplo de países desenvolvidos, como os Estados Unidos que, há mais de 100
anos, realizou esta reforma e garantiu direitos e cidadania aos povos
originários.
Às vezes me pergunto: por que existem
cidadãos que só querem assimilar aquilo que é supérfluo desses países, em vez
de evoluírem?
É só isso que o Brasil precisa.
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