Povos originários, Tiradentes e a Reforma Agrária

Por Portal Opinião Pública 18/04/2024 - 10:27 hs
Foto: Divulgação
Povos originários, Tiradentes e a Reforma Agrária
Olivier Negri Filho

Olivier Negri Filho

Pessoal, dia 21 de abril comemoramos Tiradentes, este brasileiro que, junto com um grupo de companheiros, ‘os inconfidentes’, indignados com a exploração das riquezas e dos nossos patrícios, se revoltaram contra Portugal – nossos colonizadores – e proclamaram a independência do Brasil. Como consequência, o movimento foi denunciado e todos foram presos, torturados e degredados, exceto Tiradentes, que foi morto e esquartejado para servir de exemplo àqueles que pensavam na Independência. E foi assim que ele se tornou o símbolo da liberdade, que só ocorreu 30 anos mais tarde.

Mas preciso lembrar que dia 17 comemora-se o dia Nacional da Reforma Agrária e no dia 19 o Dia dos Povos Indígenas. Alguém pode me questionar o que uma coisa tem a ver com a outra... a resposta é: tudo a ver!

Quando os portugueses ‘descobriram’ o Brasil, isso tudo aqui não era desabitado como a Antártida, mas repleto de pessoas dos povos originários – denominados por eles como índios – que se organizavam comunitariamente em aldeias, às vezes, dependendo da nação, várias delas de um mesmo povo, com idioma, cultura e organização próprios. Portanto, aqui havia muitos ‘países’ naquilo que chamamos Brasil... Lógico que o conceito de Estado não era e nem hoje é igual aquele que estamos acostumados a estudar, afinal antropologicamente temos outra cultura.

Então Portugal e Espanha se ‘acertaram’ e ‘dividiram’ as Américas Central e do Sul, pelas armas, à força, sem perguntar pra ninguém, apenas pelos seus pares. Impuseram seu governo, sua cultura, sua religião, exploraram as riquezas e escravizaram os ‘proprietários da terra’ e logo mais foram até a África, e de lá trouxeram mão de obra escrava para alavancar a economia colonialista. Foi quando surgiram os latifundiários, que sentiram-se no direito de serem os ‘donos da terra’ que nunca compraram. Isso evoluiu aos dias atuais, onde enormes ‘propriedades improdutivas’ continuam sob o domínio de alguns poucos, enquanto os trabalhadores sem-terra seguem sendo explorados.

Esse breve relato histórico é apenas para nos lembrar que “Independência e Liberdade” não são palavras soltas, é fundamental pro nosso país e nosso povo que o compõe o mesmo direito: os indígenas respeitados como nação, sua cultura e soberania; os trabalhadores rurais terem terra para produzir o sustento de suas famílias, se organizarem em cooperativas, etc...  Assim como os fazem aqueles que são proprietários empresários rurais e que transformam nossa economia agropecuária em uma das maiores do mundo.

Passou da hora de copiarmos o exemplo de países desenvolvidos, como os Estados Unidos que, há mais de 100 anos, realizou esta reforma e garantiu direitos e cidadania aos povos originários.

Às vezes me pergunto: por que existem cidadãos que só querem assimilar aquilo que é supérfluo desses países, em vez de evoluírem?

É só isso que o Brasil precisa.