Artista mauaense produz telas em homenagem aos 80 anos de Pelé

Por Portal Opinião Pública 22/10/2020 - 11:44 hs
Foto: Divulgação
Artista mauaense produz telas em homenagem aos 80 anos de Pelé
Tela Pelé 80 Anos é uma das obras de Sidney Matias em homenagem ao aniversário do Rei do Futebol

 

Considerado por muitos o maior jogador de todos os tempos, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, completa 80 anos nesta sexta-feira (23). E para comemorar a data, o artista mauaense Sidney Matias, 51 anos, produziu duas obras para celebrar a data: a primeira delas é uma tela que retrata diversas fases do “atleta do século XX” e a segunda a reprodução – em 11 telas - de um dos mais belos gols do camisa 10 do Santos e da Seleção Brasileira em um jogo contra o Corinthians, em 1969.

Atualmente morando em Campinas, Matias – como ele é conhecido artisticamente – contou que a primeira obra, chamada de “80 anos”, foi encomendada pelo próprio staff do ex-jogador, como forma de presenteá-lo em seu aniversário. O artista revelou que já conhecia os membros da comitiva graças a outros trabalhos. “Conheci o pessoal do Pelé através de alguns projetos que realizei para a agência que cuidava da imagem dele (Legends 10) em Nova York”, disse.

Já a segunda obra, a reprodução do gol, foi ideia do próprio Matias, que além de ser santista e apaixonado por futebol, tem em Pelé um de seus grandes ídolos. Ao todo, o artista levou cerca de três meses para concluir as 12 telas. “Sou santista, graças ao meu pai (risos). Fora isso, pratico futebol oficial desde adolescente até hoje. Quase joguei nas categorias de base do Santos, mas acabei selecionado na peneira do Corinthians. Mas meu destino era outro mesmo. Além de tudo Pelé é um ídolo mundial. Melhor jogador de todos os tempos”, pontuou.

Além de poder homenagear um de seus ídolos, o trabalho de Matias também trouxe reconhecimento do próprio Pelé, com quem ele esteve na última semana. “Estive na casa dele na última quarta-feira (14) pessoalmente. Algo quase impossível, pois o Pelé está recluso, não faz fotos, é quase inacessível”, contou o artista, que conseguiu conversar com o Rei rapidamente. “Pouco menos de 5 minutos (de conversa) e tudo muito dinâmico porque, além de o Pelé ser do grupo de risco para a Covid-19, o montante de solicitações e movimentações em razão da comemoração do aniversário está enorme. Eu acho difícil entrar na casa dele novamente, mas teremos contato sim. Mas já valeu”, afirmou.

Matias também avaliou que Pelé e seu staff apreciaram os presentes e que nos próximos dias o Rei do Futebol deverá se manifestar com as obras já penduradas nas paredes. “Ele já tinha gostado antes, através das imagens enviadas pelo assessor dele. Como as obras chegaram muito bem embaladas e protegidas ele vai abrir com o staff dele e a família nos próximos dias. Deve se manifestar quando contemplar pessoalmente. O Santos FC vai incluir as imagens nas redes sociais e site”. 

Outros trabalhos 

Com mais de 30 anos de trabalho, Sidney Matias possui uma carreira sólida e premiada nacional e internacionalmente. Porém, o começo não foi nada fácil. Interessado em artes e em esportes na infância, o artista revelou que os primeiros traços foram feitos aos sete anos de idade e aos 12 ele já fazia desenhos e pintava telas. E nem a falta de materiais impedia o jovem Matias. “Quando eu comecei desenhava com carvão de churrasco nas calçadas, muros e na escola eu tinha apenas as cores primárias nos lápis de cores”, recorda o artista, que viu sua vida mudar ao vencer um concurso aos 18 anos, idade com a qual deixou Mauá seguindo para os EUA. “Aos 18 anos conquistei um prêmio no MASP e investimos na carreira. Hoje, são mais de 30 anos de trajetória documentada e premiada. Com o tempo me especializei na mais complexa e difícil das artes visuais: o mosaico genuíno italiano”. “Hoje a matéria-prima para mosaico ideal eu só encontro na Alemanha”, completou.

A carreira internacional, além do reconhecimento profissional, trouxe contatos inesperados para Matias. Um deles foi com o músico Chuck Berry. “Eu já estive também com o pai do Rock, Chuck Berry, nos EUA. (Ele) Era totalmente inacessível, mas acabamos amigos e depois do seu falecimento a amizade ainda continua com os filhos e a esposa dele, que vez ou outra manda um alô de recordação. A minha arte proporciona amizades com pessoas incríveis, de todos os gêneros, celebridades ou não”.

Já sobre suas inspirações, Matias ressalta que o importante de sua arte é se comunicar com quem as vê. “Comigo não é ver, por exemplo, uma flor e ficar inspirado. Nada muito poético. Mas eu costumo dizer que minha arte tem que comunicar e ajudar na reflexão de temas importantes da vida e da época. Arte é educação, porque caso contrário será apenas um objeto decorativo”, pontuou.

Quanto à influências, ele diz não ter nenhuma. Mas admira dois artistas em especial. “Posso citar dois mestres que admiro: Michelangelo, porque tinha uma habilidade sobrenatural, e Pablo Picasso, por sua versatilidade e capacidade de impactar. Eu já tive obras copiadas por Romero Britto - que pensa ser o novo Picasso - através de denúncias de jornais, mas não admito comparações com ele. Prefiro ser o Matias mesmo, sempre aprendendo”, destacou.

Por fim, o artista revelou um de seus grandes sonhos: fazer um trabalho em sua cidade natal, onde ele chegou a fazer uma mostra comemorando as três décadas de carreira, em 2018. “Eu gostaria de fazer um grande mural na minha cidade de Mauá. Em especial na arte sacra, talvez um mosaico sacro na Igreja Matriz. Seria fantástico, pois a paróquia é toda em pedra e mosaicos são revestimentos em pedras, cristal, ouro, platina. Seria fantástico”, finalizou.